Vou começar com uma frase da qual gosto muito e que no fundo resume toda a minha opinião acerca deste tema:
“O mais importante é encontrar também um NUTRICIONISTA que antes de perceber de dietas, perceba de pessoas”.
Agora sim, vamos lá tentar entender esta nova moda.
O jejum intermitente parece ser a nova tendência que agita a sociedade. Carateriza-se por um determinado período de tempo em que o indivíduo propositadamente deixa de comer. Sim, leu bem. Propositadamente!!! Existem vários tipos de jejum, nomeadamente o número de horas que deixa de comer, mas todos eles assentam num princípio:
- O nosso corpo está habituado a usar a glicose – um açúcar que normalmente comemos ao longo do dia – como combustível energético. Quando é privado de alimentos (e, portanto, de glicose), o nosso corpo entra no ritmo de jejum, e começará a queimar gordura corporal armazenada em vez de glicose.
No entanto, a maioria dos estudos sobre este tópico foram realizados em animais por um curto período de tempo. Não foram ainda realizados estudos em seres humanos que permitam quem quer que seja afirmar que o jejum intermitente reverte a diabetes tipo-2 e as doenças auto-imunes, ou que aumenta a longevidade.
Uma revisão de 11 estudos sobre jejum (de 12 a 20 horas) com duração de 4 a 8 semanas, demonstrou que o efeito do jejum intermitente é marginal na redução dos níveis de glicemia em jejum quando em comparação com a restrição calórica contínua. O que é o mesmo que dizer que o jejum de facto resulta, mas resulta de forma igual a uma dieta com o mesmo número de calorias, mas ingeridas com refeições de 3 em 3 horas por exemplo.
Portanto, sim, é possível perder gordura e peso com esta nova dieta tão popular, mas também é possível recupera-lo rapidamente. Para além disso, este estilo de vida pode resultar em alterações de humor, problemas em dormir e outras coisas bastante mais graves.
Nenhum processo de perda de peso pode ser dissociado do contexto motivacional e comportamental que o envolve, uma vez que somos humanos e não ratinhos. E se, por hábito, temos uma pessoa que só faz duas refeições diárias e se sente bem com isso versus a pessoa que faz 6 refeições por dia e que não as dispensa, porque raio irei obrigar a segunda a um jejum intermitente se as duas até estão a comer o mesmo nº de kcal? Vamos lá pensar sobre isso?…